Assim como Putin, Orbán não assina acordos comerciais com Bolsonaro | Araripe News

Assim como Putin, Orbán não assina acordos comerciais com Bolsonaro

 


Jair Bolsonaro e Victor Orbán, líder político de extrema-direita, antes de pronunciamento à imprensa, em Budapeste, Hungria (Foto: Attila Kisbenedek/AFP)

Assim como a sua visita a Vladimir Putin, no dia anterior, os encontros de Jair Bolsonaro com líderes húngaros, nesta quinta-feira (17), não resultaram em novos negócios.

De prático, a viagem de Bolsonaro à Hungria rendeu apenas a assinatura de três memorandos, inclusive na área de cooperação de defesa.

Os negócios entre Brasil e Hungria são quase irrisórios para os valores comerciais internacionais. Em 2021, o Brasil importou US$ 457 milhões da Hungria e vendeu US$ 62 milhões para o país do leste europeu.

Em Budapeste, Bolsonaro primeiro participou de uma cerimônia aos heróis daquele país. Ele depositou uma coroa de flores na Lápide Memorial.

Em seguida, Bolsonaro participou de uma reunião privada com o presidente do país, János Áder, uma figura decorativa no poder do país controlado pelo primeiro-ministro Victor Orbán, líder político de extrema-direita. Depois, Bolsonaro foi ao encontro de Orbán.

Bolsonaro insinua que conflito entre a Rússia e Ucrânia cessou por causa dele

Na breve passagem por Budapeste, Bolsonaro voltou a insistir na tese que houve um uma diminuição nas tensões entre a Rússia e a Ucrânia graças à sua visita a Vladimir Putin, o presidente russo, na quarta-feira (16).

“Trocamos informações sobre a possibilidade ou não de uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Passei para ele o meu sentimento que tive nesta viagem, até mesmo pela coincidência de ainda estarmos em voo para Moscou e, parte das tropas russas serem desmobilizadas na fronteira. Entendo, sendo coincidência ou não, como um gesto de que a guerra realmente não interessa a ninguém", afirmou Bolsonaro ao lado de Orbán.

Os dois fizeram uma declaração conjunta à imprensa após se encontrarem naquele que é o último compromisso de Bolsonaro no leste europeu antes de voltar ao Brasil, após viagem internacional iniciada terça-feira (15).

Além de não haver qualquer prova que a presença dele influenciou em qualquer decisão de Putin, agências internacionais independentes, governos de outros países e organismos internacionais já afirmaram não haver certeza que a Rússia diminuiu o número de militares nas fronteiras com a Hungria.

Na declaração à imprensa, Bolsonaro chamou Orbán de irmão e destacou as afinidades políticas e ideológicas entre os dois.

“Prezado Orbán, é uma satisfação muito grande estar na Hungria. Considero o seu país o nosso pequeno grande irmão. Pequeno se levarmos em conta as nossas diferenças nas respectivas extensões territoriais, e grande pelos valores que nós representamos, que podem ser resumidos em quatro palavras: Deus, pátria, família e liberdade. Comungamos também da defesa da família com muita ênfase. Uma família bem estruturada faz com que a sua respectiva sociedade seja sadia. Não devemos perder esse foco”, disse Bolsonaro.

No fim de sua fala, Bolsonaro repetiu e enfatizou essa posição.

“Prezado Orbán, trato como irmão, dada a afinidade que temos na defesa dos nossos povos”, completou o presidente brasileiro

Assim como fez em sua declaração à imprensa em Moscou, ao lado de Vladimir Putin, o presidente brasileiro voltou a falar que o Brasil “preserva a Amazônia” e atacou, sem citar nomes, dirigentes europeus que acusam o país do contrário.

Orbán disse que espera voltar ao Brasil para festejar nova vitória de Bolsonaro

Apontado por cientistas políticos como um dos principais líderes da corrosão democrática nos últimos anos, Orbán defendeu que a Hungria é um país democrático e acenou para a possibilidade de novos investimentos no Brasil.

"Poderíamos dizer que estamos apenas no início destas transições que irão ocorrer, e queremos, sim, veementemente, estabelecer uma comunicação mais sólida entre a Hungria e o Brasil".

Em sua fala, Orbán ressaltou ainda que esteve na posse de Jair Bolsonaro em 2018 e disse pretender voltar ao Brasil em janeiro de 2023 para presenciar a recondução dele à Presidência da República.

“Eu estive na posse do presidente Jair Bolsonaro. Foi uma festa linda. Eu espero visitá-lo em breve para a mesma ocasião.”

Haverá eleições na Hungria em seis semanas. Uma coalizão de partidos lançou um adversário conservador para enfrentar Orbán no pleito.

Orbán aprovou leis contra gays, mulheres, imigrantes e a liberdade de imprensa

Viktor Orbán está no poder desde 2010. Ele foi eleito com o apoio do partido Fidesz, que obteve a maioria dos assentos do Parlamento húngaro nesse período.

Durante seus mandatos, eles conseguiram aprovar leis para aumentar sua representação legislativ e aprovar leis que seguem seu ideário de conservador de direita.

Em 2018, pouco depois de ter sido reeleito, ele tirou o financiamento dos programas de ensino superior que estudavam gêneros.

Recentemente, restringiu o acesso de menores de 18 a livros ou outros materiais que “promovem” homossexualidade.

Nos 12 anos em que ele esteve no poder, Orbán também criou um órgão de regulação da imprensa e ele passou a cassar concessões por causa de coberturas.

Bolsonaro volta ao Brasil nesta quinta-feira

Bolsonaro embarca para o Brasil ainda nesta quinta. Ele afirmou na quarta que estará no Rio na sexta-feira (18), para sobrevoar a região de Petrópolis, atingida por chuvas torrenciais na noite da terça (15), que causaram enxurradas, deslizamentos de terra e a morte de mais de uma centena de pessoas.

Fonte: O Tempo

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